domingo, 4 de julho de 2010

Fogo

Foto: Diamantino Abobeleira


O fogo crepitava. Seu riso era como sinos soando distantes e suaves, seu sorriso fazia vezes de sol, que não raiava.

Seus gracejos faziam todos gargalhar, suas imitações de mulheres... bem, da vida, criavam minutos de pura euforia.

Hoje, quando penso sobre isso, me questiono se era fingimento. Difícil acreditar. És ótima atriz, mas ninguém é tão perfeito. Acredito que as coisas estavam um pouco mais amenas do que hoje.

Também não sei dizer em que ponto tudo mudou. Não existe um marco de tempo. Aos poucos, fui percebendo. Ainda acho que demorei muito, talvez, ou não quisesse assimilar e aceitar tudo.

Até que, numa certa tarde de terça-feira, por coincidência, nublada, te procurei. Seus olhos inchados ardiam mais do que o fogo dos seus cabelos. O brilho, quase apagado, se renovava quando o que brotavam eram lágrimas. Foi a nossa conversa mais sincera, acredito. Te falei das caixinhas, me falaste dos sonhos. Choramos. E senti uma tristeza enorme ao te ver assim. Ao me sentir inútil, impotente. Inerte num campo de batalha que, agora, também era meu.

Te senti próxima. E senti um laço que não se romperia facilmente. Nem com a distância.

Todas as vezes que disse que te amava não foram mentiras. Nem leviandades. Amo você. Inexplicavelmente, e sem motivo aparente. Simplesmente amo. E me preocupo, demais.

Por isso quero o melhor para você. Como te disse todas as vezes que conversamos sobre isso, escolha aquilo que te fará bem. Sem pressão, sem preocupações. Só o que o seu coração e a sua mente te pedem.

Seja qual for sua decisão e o lugar em que estará, sempre estarei contigo. Meu apoio é eterno.



O fogo? Continua aí, balançando contra o vento. Não se apagou, não. E continuará a queimar enquanto alimentares ele. E eu ajudarei em mais essa tarefa.

Amo você, meu fogo.