domingo, 24 de abril de 2011

Foto: The Keys II
Autor: Dário M. F. Santos


Duas respirações. Um compasso.

Eu estava aninhada no peito dele, sendo envolvida pelos seus braços. Era noite, era frio, e o seu calor me mantinha aquecida.

Ele me fazia carinho e a sensação era boa.

O ar estava tenso, a iminência do que poderia acontecer me deixava apreensiva. Por vezes sem conta pensei "Será que não estou aumentando e distorcendo os fatos?". Eu queria acreditar que não.

Eu sentia falta dele.

Tinha sido confusa a nossa história. Doeu. Machucou. Mas teve momentos impagáveis. Além disso, nossa naturalidade um com o outro cresceu muito.

Eu sentia falta dele.

Muitas coisas tinham acontecido desde então. Histórias se resolveram, outras começaram e logo acabaram e algumas nem mesmo chegaram a começar. Houve tropeços, quedas e saltos.

Mas eu sentia falta dele.

E confesso que desde o momento em que os 'fantasmas' realmente se tornaram 'fantasmas' pra mim eu pensei nele com frequência. Não entenda mal. Eu não tinha em mente nenhuma relação mais profunda que a amizade. Mas eu ficava bem na presença dele, quando a sua mão tocava, mesmo sem querer, a minha mão ou o meu rosto eu sentia um arrepio difícil de explicar. Ele era/é meu porto seguro. Era engraçado como meus problemas pareciam insignificantes quando ele estava por perto. E tinha um sorriso filho-da-puta que surgia sempre que eu o via.

Eu sentia falta dele.

E naquele momento, naquela madrugada de Páscoa, quando nossas mãos se encontraram e nossa respiração se sincronizou, eu me senti feliz. E diferente daquele outro começo, eu não fugi. Eu queria.

Porque eu sentia falta dele.

E assim como o começo foi diferente (apesar de elementos tão iguais, você notou?), a história está sendo escrita de outra forma. E estou gostando muito dessa nova fonte.

Agora, calmamente e sem planos, espero pra ver a trajetória desse vôo. E desejo que, tão cedo, eu não volte a sentir a sua falta.


Desejo que você continue aqui.

sexta-feira, 15 de abril de 2011



Saudade.
Não apenas uma palavra sem tradução, um sentimento.

Saudade é resquício, é mancha, é cicatriz.
Saudade é tudo aquilo que parte levando um pedacinho de nós junto.
É tudo aquilo que se vai sem que queiramos.

Saudade é acompanhar de longe o crescimento de uma árvore, é ver uma flor desabrochar sem poder observá-la de perto.

Saudade é amar aquilo que está longe dos nossos olhos, mas que nunca sairá do nosso coração.


Saudade é sim termo sem explicação.

Mas é mais, é muito mais.


Saudade é mortificação.